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33ª Bienal de São Paulo

“Talvez nossas afinidades, sejam elas conscientes ou inconscientes, nos conduzam.” A frase do curador Gabriel Pérez-Barreiro explica em linhas gerais o tema sugerido por ele para a 33ª Bienal de São Paulo. Afinidades Afetivas, que inaugura no dia 7 de setembro e fica em cartaz até 9 de dezembro, fala sobre a influência daqueles que temos afinidades no nosso presente.

O título faz referência a duas obras. A primeira é o romance Afinidades Eletivas, escrito por Goethe, em 1809. Nele, o alemão conta a história de um casal burguês cuja vida idílica é perturbada pela introdução de dois novos personagens em sua relação. Durante uma noite de música e leituras, um deles pega um tratado científico da estante e lê, em voz alta, sobre as reações de certos elementos e moléculas, e como alguns se atraem e outros se repelem, assim como óleo e água. Nesse paralelo, Goethe fala das relações humanas e da nossa identificação com certas pessoas e elementos, assim como nosso distanciamento de outros.

Obra de Mamma Andersson

Quase 150 anos depois, o crítico de arte e ativista político Mário Pedrosa escreveu sua tese, que se tornaria o complemento para o tema desta bienal: Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte. No texto, ele discute os modos como um espectador ativamente constrói um entendimento de uma obra de arte. Para Pedrosa, a arte devia ser julgada por sua capacidade de criar uma relação produtiva entre a intenção do artista e a sensibilidade do espectador.

Para exemplificar essa questão, Gabriel convidou sete artistas para compor a equipe curatorial: Alejandro Cesarco, Antonio Ballester Moreno, Claudia Fontes, Sofia Borges, Mamma Anderson, Waltercio Caldas e Wura-Natasha Ogunji. Cada um desses artistas-curadores apresentará uma exposição coletiva, mas também com obras de sua autoria, separadas em espécies de ilhas pelo pavilhão. O próprio curador também terá um espaço para a seleção de 12 projetos, chamados de ilhotas, igualmente espalhados pelo prédio.

Pintura de Wura-Natasha Ogunji

A relação entre a obra dos artistas-curadores e as peças dos colegas eleitos por eles para as exposições levam a uma nova criação presente, que poderá ser vivenciada pelo público. “Com esse modelo, espero mostrar como os artistas constroem suas genealogias e sistemas para entender suas próprias práticas em relação aos outros, permitindo ao mesmo tempo que os temas e as relações surjam organicamente do processo da feitura da exposição, em vez de partir de um conjunto pré-determinado de questões”, diz Gabriel. O espectador está livre para construir sua própria experiência das diferentes propostas, sem a sensação de que terá sucesso ou fracasso.

Escultura de Claudia Fontes

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