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Arte digital imersiva: a tendência entre exposições pelo mundo

A arte digital tem ganhado cada vez mais força e, com ela, uma de suas mais recentes ramificações: a chamada imersiva. O gênero utiliza a tecnologia como um veículo para nos conectar à arte, fazendo com que possamos vivenciá-la. Faz sentido que a imersão esteja tão em voga se pensarmos que pessoas de diferentes partes do globo estão cada vez mais em busca de experiências sensoriais, seja por meio de viagens, da gastronomia e, por que não, da arte.

A exposição de arte digital imersiva de Gustav Klimt, em cartaz no Atelier des Lumières

É importante lembrar que a arte que mexe com os sentidos não é novidade, vide as criações de Yayoi Kusama e Verner Panton. A diferença é a chegada da tecnologia, que aumenta a conexão e as possibilidades desse estilo. O segmento não só atraiu jovens artistas, como também instituições, que têm usado essa tecnologia para aproximar o público da obra de grandes artistas de diferentes épocas. Entre os espaços que ganharam a atenção por usarem a arte digital imersiva está o novo Atelier des Lumières, em Paris.

O endereço, inaugurado em abril passado, ocupa uma antiga fábrica de fundição, datada de 1835. Abandonada em 2000, foi redescoberta 13 anos depois por Bruno Monnier, presidente do Culturespaces – instituição que fomenta espaços culturais pela Europa–, que tinha a ideia de abrir um centro de arte digital em Paris, após sua bem-sucedida empreitada em Provence, com o Carrières Lumières Art Centre. A reforma da fábrica durou quatro anos e, enfim, abriu suas portas em 2018.

Até 11 de novembro, duas excelentes exposições, que mostram todo o potencial do projeto, estão em cartaz no endereço. Ambas exibem a obra de duas importantes figuras da cena de Viena: do artista Gustav Klimt (1861-1918) e do arquiteto e pintor Friedrich Hundertwasser (1928-2000), desenvolvidas pelo diretor artístico do espaço, Gianfranco Iannuzzi. Uma das mostras faz um mergulho sinestésico na obra de Klimt, que vai desde as influências renascentistas – o artista começou a carreira pintando afrescos! – à sua fase mais conhecida, a dourada, quando pintou O Beijo, Adele Block-Bauer e outras emblemáticas telas com folhas de ouro. Na produção criada para Hundertwasser estão desenhos de construções feitas por ele, projetadas de forma a criar um labirinto no espaço expositivo, cheio de casas e edifícios coloridos. A sensação é de estar em uma cidade utópica.


A terceira exibição, em cartaz no espaço até agosto, mostra o lado contemporâneo da arte digital imersiva. Para criar Poetic_Ai , o coletivo Ouchhh produziu uma instalação usando inteligência artificial, na qual luzes, formas e movimentos são criados por meio de algoritmos – sendo transformados em sequencias visuais únicas. O grupo de artistas, baseados em Istambul, Los Angeles e Londres, são jovens designer gráficos, cineastas e programadores, que já ganharam alguns importantes prêmios do ramo, como o Red Dot Award.

Instalação Poetic_Ai, em Paris

Outro coletivo atual vinculado à arte imersiva é o TeamLab, que tem uma instalação permanente no emblemático museu Mori, em Tóquio, e acaba de abrir uma exposição no Museu Nacional de Singapura. Fundado em 2001, o grupo interdisciplinar une arte, tecnologia e ciência – suas instalações são desenhadas de forma totalmente interativa. Ao serem tocadas, as telas mudam de cor, de desenho, transformando cada ambiente de acordo com a presença do calor humano. A coletivo também é formado por jovens de diferentes áreas, entre engenheiros, programadores, matemáticos, arquitetos e animadores. Um dos pontos principais abordados por eles é a nossa ligação com a natureza e também a sinergia que pode existir entre esses dois universos e a arte.

Obra interativa do coletivo TeamLab

Em São Paulo, visitei uma exposição que reflete essa tendência, a Vazios Povoados, em cartaz no Farol Santander, no centro da cidade. A mostra é composta de duas instalações. A primeira, Tubo, da dupla brasileira Rejane Cantoni e Leandro Crescenti, reproduz a vista exata do farol do lado de fora em diferentes horas do dia em um túnel metalizado, que parece um caleidoscópio. A sensação ao entrar na obra é a de estar flutuando no céu de São Paulo. Já a segunda é uma obra inédita no Brasil feita pelo britânico Haroon Mirza. Chamada Aquarius, ela é um arranjo sensorial, que mistura som, correntes elétricas e imagens – uma forma de usar a tecnologia para fazer críticas sociais e realçar os sentidos.

A instalação Tubo, no Farol Santander

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