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Ephemera: Paula Costa

A beleza de florescer e envelhecer. Esse eterno ciclo natural ao qual estamos destinados mostra o poder que os seres vivos têm de se transformar – até mesmo contra a própria vontade. É por meio dessa arte viva e mutante que a carioca Paula Costa trata o tempo, dando a ele o papel de fio condutor de Ephemera, primeira exposição do projeto Emma POP, da galeria Emmathomas, do qual assino a curadoria.

No lugar do pincel e da tinta, estão a agulha e o fio de algodão e lã com os quais a artista alinhava folhas e flores em diferentes etapas de sua existência, dando-lhes um novo significado – ora em pontos simples, formando imagens abstratas, ora em palavras. A natureza, o oráculo de Paula na busca de inspiração e respostas, e as intervenções feitas por ela em seus fragmentos ganham diferentes suportes, como suspensas no espaço, em um idílico site specific que funciona como um portal na entrada da exposição. Em outro momento, essa matéria-prima é reunida em delicadas caixas de acrílico, misturando-se a fios e palavras bordadas.

Há também colagens e esculturas orgânicas, que misturam frutas às plantas, eternizadas pelas lentes fotográficas. O gênero aparece em um segundo momento na trajetória da artista e como coadjuvante, na tentativa de congelar o tempo ou mesmo de estudá-lo, acompanhando o processo de desfragmentação de cada matéria-prima envolvida na criação. Em um processo intuitivo, Paula une a arte com a própria história de vida, que sempre teve o efêmero como objeto contemplativo e que acabou transformando-se no principal tema de sua expressão artística.

“Na cultura ocidental, temos dificuldade em olhar para a morte. Mas ela nem sempre representa o fim. Ela é parte da transformação para um outro estágio ou outra consciência. É por meio de nossas pequenas mortes individuais que fechamos ciclos e começamos outros”, analisa a artista. Dessa forma, a finitude exibe sua beleza como um catalizador criativo, que gera inquietude em busca do eterno retorno. A maneira em que a artista encontrou de afirmar sua passagem pelo mundo é aceitar o tempo de duração de tudo que existe na terra.

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