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Irving Penn: mostra que celebra o centenário do fotógrafo chega ao Brasil

“Até a fotografia de um bolo pode ser arte”, dizia Irving Penn (1917-2009). Durante os quase 70 anos em que clicou importantes imagens de moda, beleza, natureza-morta, além de retratos de personalidades – de Pablo Picasso a Gisele Bündchen, passando por Truman Capote, Salvador Dalí e Marlene Dietrich –, o americano provou que sua teoria estava certa: tudo pode ter um lado artístico, basta o olhar certo. É essa perspectiva que poderemos ver a partir do próximo dia 21, quando o IMS Paulista será palco de uma belíssima retrospectiva do Penn, que celebra o centenário de seu nascimento.

Com 230 fotografias feitas pelo artista, a exposição teve seu start no ano passado, no Metropolitan de Nova York, passou pelo Grand Palais, em Paris, e pelo C/O, em Berlim, chegando agora ao Brasil. Entre os destaques estão algumas de suas imagens mais conhecidas de natureza-morta, estilo pelo qual se tornou mundialmente conhecido. A sensibilidade para fotografar tanto objetos como pessoas também o fez um dos retratistas mais disputados do século 20 – uma série dessas imagens também compõe a mostra paulistana.

Nascido em Nova Jersey, Irving Penn não imaginava se tornar fotógrafo. Sua ambição era inicialmente ser artista ou designer gráfico. Depois de formar-se na Pennsylvania Museum and School of Industrial Art, na Filadélfia, decidiu passar um ano no México dedicando-se totalmente à pintura. No fim da experiência, desistiu de vez das telas e lançou-se como fotógrafo. Seu primeiro trabalho? Como assistente de Alexander Liberman, Diretor de Arte da Vogue americana.

Nos anos 50, ele registrou a alta-costura parisiense em imagens simples, que dispensavam os cenários grandiosos. Nas famosas fotos da série, também se destaca a presença de Lisa Fonssagrives, modelo e ex-bailarina, com quem Penn viria a se casar. Foi lá que o artista adotou como fundo uma antiga cortina de teatro que, estendida no chão e encurvada na vertical, gerava uma ambientação neutra. Ele gostou tanto da produção que passou a utilizá-las em inúmeros trabalhos, inclusive nos retratos de artistas e escritores que produziu entre 1948 e 1962 – o fundo original será exibido na mostra da instituição.

Lisa Fonssagrives Penn

Embora inserido na indústria da moda, o fotógrafo também criou obras que questionavam os padrões de beleza. Em sua série de nus femininos (1949-1950), ele voltou ao tema clássico da pintura, retratando o corpo como forma. Outro destaque é a Cigarros (1972), na qual ele exibe bitucas coletadas das ruas e fotografadas no estúdio. “Ele reconhecia a poesia do detrito”, conta Maria Morris Hambourg, curadora da exposição. Definitivamente, tudo que Penn tocava, virava arte.

IMS Paulista: Avenida Paulista, 2.424, São Paulo. De 21 de agosto a 18 de novembro

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