Scroll to top

Nazareth Pacheco

A habilidade manual sempre foi desafiadora na vida e obra da paulistana Nazareth Pacheco, que a usa desde cedo para tecer sua história por intermédio da arte. Quando criança, passava as férias na fazenda da avó no interior de São Paulo, onde aprendeu a tricotar ao lado dos primos como mais uma brincadeira, despretensiosa. Assim como Arthur Bispo do Rosário, que aprendeu em sua infância em Japaratuba, interior de Sergipe, cidade conhecida por suas mulheres bordadeiras e seus bordados.

Muitos dos mais emblemáticos trabalhos de Nazareth fazem esse diálogo com a obra de Bispo do Rosário, como as camisolas que bordou com frases do livro Destruição do Pai, Reconstrução do Pai, de Louise Bourgeois; os vestidos feitos com linhas de fio cirúrgico, lâminas de barbear e cristais; bem como a instalação O Quarto, também composta por esses objetos cortantes, que circundam uma cama de acrílico a flutuar no espaço, nas mesmas dimensões que a de seu antigo dormitório. “É um trabalho que fala da questão da violência, da segurança e da proteção”, conta a artista.

Os artefatos cercados pelos corpos de Bispo e Pacheco são transmutados e ganham novo significado e aparência. Ambos também trazem em sua produção a urgência do existir pela experiência pessoal, desenvolvendo obras tridimensionais relacionadas com processos vivenciados pelo corpo. Fazem de suas obras testemunhos da passagem pela Terra e, dessa forma, falam sobre as dores e os prazeres de suas trajetórias universais.

Ana Carolina Ralston
Co-Curadora
Fábrica de Arte Marcos Amaro
Fundação Marcos Amaro

Related posts